quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CONTO DE NATAL - 1º PRÉMIO ENSINO BÁSICO
 
O Natal que mudou a minha vida

 Toda a gente conhece muito bem uma das maiores excitações da nossa infância… Toda a gente sabe o que as crianças sofrem à espera deste momento… A noite de Natal sempre foi muito especial não só pelo seu significado, mas principalmente por causa de um dos maiores desejos das crianças: presentes. E que belos são os presentes que recebemos! Tenha muita importância ou não, gostamos de tudo o que nos dão!
Agora vou contar-vos uma das tantas vésperas de Natal que passei… Mas perguntam vocês: “Então, porque é que vai ser esta véspera de Natal que nos vais contar e não outra qualquer?”, ao que eu respondo: Mais tarde irão descobrir…
 Abri os olhos e… eu não podia acreditar! Depois de todo o mês à espera deste dia… já era véspera de Natal! Parece sempre que desde o início do mês até hoje são dias infinitos…  A escola nunca mais acaba, e nós a querermos montar a árvore de Natal e a termos de estudar para os testes! Cá para mim, devia ser proibido haver testes tão perto do Natal! Nós ficamos com as cabeças presas nas luzes, nos anúncios, nos presentes, nas músicas, … não nos conseguimos concentrar devidamente!
Mal me levantei fui tomar o pequeno almoço e logo a seguir fui até à sala, até ao meu calendário de Natal, abrir a janelinha de dia 24 que tinha o dobro do tamanho das outras... O que significava que também tinha o dobro de chocolate! Mas eu próprio senti a felicidade a desvanecer-se da minha cara quando descobri que afinal o chocolate tinha o mesmo tamanho dos outros! O que os comerciantes gostam de enganar as crianças, e os pais! Mas não era um chocolatezinho que me ia impedir de sentir aquela maravilha chamada espírito natalício!
Logo a seguir a isto fui ligar as luzes da árvore de Natal, coisa que já fazia parte da minha rotina matinal! Todos os dias ficava um pouco a observar todas aquelas pequenas luzes de Natal que individualmente brilhavam tão pouco mas que, no seu conjunto, faziam um pinheiro ter outro aspeto!
Passei o resto da manhã a ver televisão, uma vez que todos os canais passavam filmes maravilhosos durante todo o dia 24. Para dizer a verdade, todos os anos eram os mesmos, mas como se sabe, um filme mesmo visto muitas vezes não perde a sua magia!
De repente senti um cheirinho que só podia significar que era hora de almoço. Fui até à cozinha, guiado por aquele cheiro maravilhoso que mais tarde vim a descobrir que era de carne assada. E, como não podia deixar de ser, o sabor era tão bom como o cheiro. Após me deliciar com aquele prato, lembrei-me que tinha estado toda a manhã à espera de um filme, que ia dar não tarda nada, e, por isso, comi a sobremesa à pressa.
Passei também a tarde a ver filmes. E a verdade é que se começa a dar um filme de que não gostamos num canal, muda-se para outro, porque parece que no Natal as pessoas ficam trancadas em casa a ver filmes o dia todo, julgando pelas programações dos canais.
Já ao fim da tarde, ouvi a campainha a tocar. Só podiam ser os meus avós a chegarem tão cedo para passar cá a noite de Natal! Fui atender, e, com alegria, vi que a minha previsão estava certa. Ali estavam os meus avós maternos, todos felizes por me verem. Eu, mal os vi, pulei do sofá e fui a correr dar-lhes um grande abraço. Depois das boas-vindas, sentámo-nos todos no sofá menos a minha mãe, que tinha ido acabar de fazer o jantar e, obviamente, os petiscos. Enquanto estávamos a conversar, comecei a sentir um cheiro que desta vez consegui identificar, a peru assado, tal como é típico comermos em todos os Natais. Continuámos na conversa até que senti o cheiro dos fritos de Natal, que me começou a dar fome.
Já eram 8 horas da noite quando finalmente fomos jantar, e que jantar longo e delicioso! Peru assado e bacalhau espiritual… e, no final, todas as maravilhosas sobremesas postas na mesa, desde lampreia de ovos a azevias, de fatias douradas a tronco de natal. Com isto tudo já se tinha passado uma hora e meia, e que bem passada!
Acabado o jantar, tinha chegado uma das piores alturas do dia! A espera até à meia-noite! Com tão pouco para fazer, reparei numa coisa realmente curiosa… não existia nenhum presente debaixo da árvore de Natal! Apenas uma grande caixa de cartão semi-aberta… o que seria? Refleti um pouco… Oh! Não, não podia ser! Era demasiado bom para ser verdade! Agora sim, agora eu estava com toda a minha atenção posta naquela simples caixa! Tanta atenção que reparei em algo… a caixa estava a mexer-se! Seria mesmo o que eu estava a pensar?
Olhei para o relógio. Eram onze horas. Oh, que sofrimento! Não havia nada para fazer… Lá estava eu a mirar aquela caixa enquanto os adultos conversavam… Subitamente, deu-me uma vontade imensa de correr para a caixa e abri-la, e ver o que lá estava dentro! Mil e uma ideias me passaram pela cabeça enquanto estava a observar aquela misteriosa caixa que se mexia. E o tempo nunca mais passava…
Os meus avós sugeriram um jogo para fazermos o tempo passar mais rápido… o típico jogo do galo! Não sei como, mas um jogo tão simples como este fez o tempo voar! Quando reparei, já só faltavam 2 minutos para o grande momento… 1 minuto… meia-noite! Finalmente!
Corri como nunca para a árvore de Natal, puxei a caixa, e finalmente, depois de tanta espera, abri-a! E eu não podia acreditar! O meu maior desejo de sempre fora realizado naquela noite! Ao canto daquela grande caixa, estava um pequenino cão a dormir, com restos de comida e um copo de água ao lado… E que belo era o cão! Tirei-o logo da caixa, e encaixei-o nos meus braços, onde ele se encostou e começou a dormir… A minha mãe disse-me que eu não tinha mais nenhum presente, porque um cão já ia dar muito trabalho e muitas despesas, e o que é que eu lhe respondi? Respondi-lhe que a amizade vale mais do que qualquer dinheiro. Que ter um novo amigo era algo que nenhum brinquedo, por mais caro que fosse, poderia substituir. Ao ouvir isto, a minha mãe ficou muito emocionada, mas ao mesmo tempo espantada por eu ter um pensamento tão generoso.
Pois é, aquela noite de Natal foi inesquecível. Principalmente porque já passaram dez anos e o tal cão, a que eu chamei Brownie, ainda está aqui comigo, brincalhão como sempre. O que eu quis dizer com esta importante história foi que nenhum valor material pode substituir a amizade. Passados tantos anos, continuo a pensar da mesma maneira. E é desde essa noite que eu dou o devido valor à amizade tanto de um cão, como de uma pessoa.
CATARINA MADALENO, 7º A

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem escreve por gosto e bem, como tu, nunca deve parar. Parabéns pelo texto e pela tua forma de pensar. A profª de LP