sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013




 
              O romance Capitães da Areia é uma obra de Jorge Amado, que nos conta a história verídica dum grupo de adolescentes que viviam sozinhos nas ruas de Bahia, uma cidade brasileira.
                Quando começamos a ler o livro pensamos que as situações que eles viveram só podiam ocorrer naquela época, mas depois de um olhar pormenorizado conseguimos verificar que na evasão escolar, no império da droga, no comércio ilegal de armas, na tentativa de parcela da população, em diminuir a maioridade penal, que esse retrato da injustiça, na infância e na adolescência, ainda persiste nos dias de hoje.
                               O livro ilustra muito bem cada uma das personagens, física e psicologicamente, através das suas falas e ações; apresenta uma forte presença de regionalismo na linguagem, uma enorme expressividade nas falas de cada personagem e expressões e girías da linguagem da época; dá vida a temas como a religião, o sexo, a homossexualidade, a prostituição e a corrupção.
                                 A obra carateriza os meninos, apesar dos roubos, invasões, mentiras e ataques, como heróis e vítimas da sociedade, e retrata todos aqueles que reprovavam, julgando as  suas atitudes, como ladrões.
                Capitães da Areia é uma obra de leitura envolvente e interessante que flui com facilidade e nos faz refletir acerca dos problemas sociais que há tanto tempo existem na nossa sociedade.
Miguel Costa, 9º A

 

Se eu ficar é um  drama, da autoria de Gayle Forman escrito em 2012. Este livro fala sobre uma adolescente, Mia, que tem uma vida normal até ao dia em que ela e a sua família vão dar um passeio de carro e sofrem um acidente. Mia  fica em coma e tem de decidir de vive ou se morre.
 
   Este livro fez-me perceber que temos sempre duas opções: lutar ou desistir. Lutar é sempre a opção mais difícil, mas é também a única que é capaz de nos levar a algum lado.
     Gostei bastante de ler o livro e , no meu ponto de vista, é um livro para se ler a partir do momento em que se começa a ter consciência do que se passa à nossa volta.
  Ariana Zeferino, 9ºB

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Foi pedido aos alunos do 7º ano que recriassem os conhecidos contos tradicionais...
Eis uma dessas recriações, inspirada na história "A Branca de Neve e os Sete Anõezinhos".
 
A Ângela e os sete hamsterzinhos

Era uma vez uma menina chamada Ângela, que vivia na Alemanha.

Ângela era muito feia mas ao mesmo tempo era muito inteligente.

Os pais dela tinham alguns problemas com as drogas e o álcool, a mãe era toxicodependente e o pai alcoólico.

Certo dia, Ângela sofreu as piores notícias da sua vida: não teve muito bom no teste, teve apenas bom, Além disso, quando chegou a casa viu a mãe desmaiada com droga ao lado perguntou-lhe:

-Mãe, (chorava) porque é que não comes as ervilhas devagar?

Às vezes, a mãe de Ângela, em vez de dar comida à menina, dava-lhe droga e dizia que eram ervilhas e ela, infelizmente, acreditava.

Ângela sofreu duas notícias más no mesmo dia, mas o dia super mau de Ângela ainda não tinha acabado, ela descobriria que o pai tinha uma amante, pois quando ela estava à procura do pai para lhe dizer que a mãe tinha falecido, encontrou o pai e uma senhora desconhecida de Ângela a dormir juntos.

Ângela, depois de ver o pai naquele estado, fugiu para muito longe, para onde ninguém a reconhecesse nem onde fossem procurá-la. O seu refúgio foi num país muito pobre e sem condições para viver - Portugal.

Ângela escondera-se numa cidade chamada Estarreja.

Um dia, ao andar pelas ruas, encontrou, quase a morrer, sete hamsters:

Pedro, Vítor, Miguel, Paulo, António, Francisco e Jerónimo.

 Ângela, quando viu os pobres hamsters quase começou a chorar, mas conseguiu conter-se e tratar dos pobres hamsters.

Ângela já estava há algum tempo com eles e estes agiam de forma diferente e, ao mesmo tempo, esquisita:

Pedro roubava a comida dos outros,





 

Vítor falava muito baixinho,
Miguel não era muito inteligente,



 
Paulo tinha dentes demasiado branquinhos,

António não via muito bem,





 
Francisco era muito inteligente e

















 
Jerónimo gostava de dançar quando Ângela cantava músicas festivas, como se fosse uma festa.





 
Ângela estava a adorar viver com os hamsters, porém,  um dia, aconteceu o pior, simplesmente desmaiou.
Estranhamente o 112 apareceu e levou-a para o hospital. Quando acordou, ela perguntou-se como tinha sobrevivido e os enfermeiros disseram-lhe que não sabiam, então ela perguntou onde estavam os hamsters e entregaram-lhos numa caixa de ténis Vans.

Ela, que falava com os hamsters, perguntou:

-Sabem quem me salvou?

Mas não obteve nenhuma resposta, no entanto, todos olharam para o Francisco. Ângela nunca chegou a descobrir como Francisco a tinha salvo.
 

Ao que parece, Francisco, como era muito inteligente, começou a perceber não só a linguagem de Ângela como as situações humanas e, tendo percebido a gravidade da situação, conseguiu ligar para o 112 a comunicar o que se tinha passado.

E foi assim que Ângela conseguiu sobreviver!

                                                             António Gonçalves, 7º B
CONTO DE NATAL - 1º PRÉMIO ENSINO BÁSICO
 
O Natal que mudou a minha vida

 Toda a gente conhece muito bem uma das maiores excitações da nossa infância… Toda a gente sabe o que as crianças sofrem à espera deste momento… A noite de Natal sempre foi muito especial não só pelo seu significado, mas principalmente por causa de um dos maiores desejos das crianças: presentes. E que belos são os presentes que recebemos! Tenha muita importância ou não, gostamos de tudo o que nos dão!
Agora vou contar-vos uma das tantas vésperas de Natal que passei… Mas perguntam vocês: “Então, porque é que vai ser esta véspera de Natal que nos vais contar e não outra qualquer?”, ao que eu respondo: Mais tarde irão descobrir…
 Abri os olhos e… eu não podia acreditar! Depois de todo o mês à espera deste dia… já era véspera de Natal! Parece sempre que desde o início do mês até hoje são dias infinitos…  A escola nunca mais acaba, e nós a querermos montar a árvore de Natal e a termos de estudar para os testes! Cá para mim, devia ser proibido haver testes tão perto do Natal! Nós ficamos com as cabeças presas nas luzes, nos anúncios, nos presentes, nas músicas, … não nos conseguimos concentrar devidamente!
Mal me levantei fui tomar o pequeno almoço e logo a seguir fui até à sala, até ao meu calendário de Natal, abrir a janelinha de dia 24 que tinha o dobro do tamanho das outras... O que significava que também tinha o dobro de chocolate! Mas eu próprio senti a felicidade a desvanecer-se da minha cara quando descobri que afinal o chocolate tinha o mesmo tamanho dos outros! O que os comerciantes gostam de enganar as crianças, e os pais! Mas não era um chocolatezinho que me ia impedir de sentir aquela maravilha chamada espírito natalício!
Logo a seguir a isto fui ligar as luzes da árvore de Natal, coisa que já fazia parte da minha rotina matinal! Todos os dias ficava um pouco a observar todas aquelas pequenas luzes de Natal que individualmente brilhavam tão pouco mas que, no seu conjunto, faziam um pinheiro ter outro aspeto!
Passei o resto da manhã a ver televisão, uma vez que todos os canais passavam filmes maravilhosos durante todo o dia 24. Para dizer a verdade, todos os anos eram os mesmos, mas como se sabe, um filme mesmo visto muitas vezes não perde a sua magia!
De repente senti um cheirinho que só podia significar que era hora de almoço. Fui até à cozinha, guiado por aquele cheiro maravilhoso que mais tarde vim a descobrir que era de carne assada. E, como não podia deixar de ser, o sabor era tão bom como o cheiro. Após me deliciar com aquele prato, lembrei-me que tinha estado toda a manhã à espera de um filme, que ia dar não tarda nada, e, por isso, comi a sobremesa à pressa.
Passei também a tarde a ver filmes. E a verdade é que se começa a dar um filme de que não gostamos num canal, muda-se para outro, porque parece que no Natal as pessoas ficam trancadas em casa a ver filmes o dia todo, julgando pelas programações dos canais.
Já ao fim da tarde, ouvi a campainha a tocar. Só podiam ser os meus avós a chegarem tão cedo para passar cá a noite de Natal! Fui atender, e, com alegria, vi que a minha previsão estava certa. Ali estavam os meus avós maternos, todos felizes por me verem. Eu, mal os vi, pulei do sofá e fui a correr dar-lhes um grande abraço. Depois das boas-vindas, sentámo-nos todos no sofá menos a minha mãe, que tinha ido acabar de fazer o jantar e, obviamente, os petiscos. Enquanto estávamos a conversar, comecei a sentir um cheiro que desta vez consegui identificar, a peru assado, tal como é típico comermos em todos os Natais. Continuámos na conversa até que senti o cheiro dos fritos de Natal, que me começou a dar fome.
Já eram 8 horas da noite quando finalmente fomos jantar, e que jantar longo e delicioso! Peru assado e bacalhau espiritual… e, no final, todas as maravilhosas sobremesas postas na mesa, desde lampreia de ovos a azevias, de fatias douradas a tronco de natal. Com isto tudo já se tinha passado uma hora e meia, e que bem passada!
Acabado o jantar, tinha chegado uma das piores alturas do dia! A espera até à meia-noite! Com tão pouco para fazer, reparei numa coisa realmente curiosa… não existia nenhum presente debaixo da árvore de Natal! Apenas uma grande caixa de cartão semi-aberta… o que seria? Refleti um pouco… Oh! Não, não podia ser! Era demasiado bom para ser verdade! Agora sim, agora eu estava com toda a minha atenção posta naquela simples caixa! Tanta atenção que reparei em algo… a caixa estava a mexer-se! Seria mesmo o que eu estava a pensar?
Olhei para o relógio. Eram onze horas. Oh, que sofrimento! Não havia nada para fazer… Lá estava eu a mirar aquela caixa enquanto os adultos conversavam… Subitamente, deu-me uma vontade imensa de correr para a caixa e abri-la, e ver o que lá estava dentro! Mil e uma ideias me passaram pela cabeça enquanto estava a observar aquela misteriosa caixa que se mexia. E o tempo nunca mais passava…
Os meus avós sugeriram um jogo para fazermos o tempo passar mais rápido… o típico jogo do galo! Não sei como, mas um jogo tão simples como este fez o tempo voar! Quando reparei, já só faltavam 2 minutos para o grande momento… 1 minuto… meia-noite! Finalmente!
Corri como nunca para a árvore de Natal, puxei a caixa, e finalmente, depois de tanta espera, abri-a! E eu não podia acreditar! O meu maior desejo de sempre fora realizado naquela noite! Ao canto daquela grande caixa, estava um pequenino cão a dormir, com restos de comida e um copo de água ao lado… E que belo era o cão! Tirei-o logo da caixa, e encaixei-o nos meus braços, onde ele se encostou e começou a dormir… A minha mãe disse-me que eu não tinha mais nenhum presente, porque um cão já ia dar muito trabalho e muitas despesas, e o que é que eu lhe respondi? Respondi-lhe que a amizade vale mais do que qualquer dinheiro. Que ter um novo amigo era algo que nenhum brinquedo, por mais caro que fosse, poderia substituir. Ao ouvir isto, a minha mãe ficou muito emocionada, mas ao mesmo tempo espantada por eu ter um pensamento tão generoso.
Pois é, aquela noite de Natal foi inesquecível. Principalmente porque já passaram dez anos e o tal cão, a que eu chamei Brownie, ainda está aqui comigo, brincalhão como sempre. O que eu quis dizer com esta importante história foi que nenhum valor material pode substituir a amizade. Passados tantos anos, continuo a pensar da mesma maneira. E é desde essa noite que eu dou o devido valor à amizade tanto de um cão, como de uma pessoa.
CATARINA MADALENO, 7º A
CONTO DE NATAL  - 2º PRÉMIO ENSINO BÁSICO
 
24 Horas para o Natal

Esta história que vos vou contar, encontrei-a num sótão, dentro de um grande e velho baú, colocado perto das decorações de natal. Dentro de um grande saco, cheio de postais, embrulhos, brinquedos… tudo o que se possa imaginar que esteja dentro de algo tão velho, mas tão precioso assim. Então vamos começar...

Tudo começou, numa pequena aldeia, em pleno Inverno, perto da altura das festas de natal, numa noite muito fria e gelada. Um menino, chamado Miguel, estava à janela da sua casa e que pobrezinho que ele era! Vivia numa pequena casa, no centro da cidade, com as suas 3 irmãs e com a sua mãe. A coitada da mãe vivia do dinheiro que o pai de Miguel enviava do estrangeiro, mas mesmo esse era muito pouco e a situação ainda piorava com 4 bocas para alimentar. Por isso, a mãe de Miguel arranjou um trabalho novo para ter mais dinheiro, o que o deixava encarregue das suas irmãs. Sendo o irmão mais velho, mas apenas com 12 anos, já não vivia a sua infância como devia ser. Mal sabia ele que a sua vida iria ter uma grande reviravolta.

Todos os dias, a mãe de Miguel saía cedinho para o trabalho e ele levava as 3 irmãs para o infantário. Sempre a mesma rotina! Porém, um dia, as coisas foram diferentes. Ao caminhar para a escola, Miguel viu um raio de luz, muito brilhante, que até tinha dificuldade em abrir os olhos. Quando, finalmente, os abriu, viu um anjinho, muito pequenino e cintilante que, com a sua voz muito fininha, murmurou:

- Miguel! Está na hora!

-  O-O que és tu? E-E o que queres de mim? – disse Miguel gaguejando. – E-E está na hora do quê?

-  Eu explico depois! – Continuou o anjo. – Conto-te tudo na viagem!

- Viagem? – Miguel foi interrompido, uma luz incidiu rapidamente no seu corpo, e, de repente, estava no espaço, a viajar! Como por magia!

magrinhas e fracas e os duendes, espalhados por todo o lado, desorientados, a correr de um lado para o outro.

Miguel percebeu rapidamente o que se passava:

 - Agora, como podes ver, isto está um caos, vamos ter com a Mãe Natal, ela dir-te-á o que fazer. - E nesse preciso momento, o anjo reduziu-se a purpurinas qu

Ao decorrer da viagem, o anjo explicou tudo ao Miguel. Explicou-lhe que o seu destino era a aldeia do Natal, esta encontrava-se noutro planeta, coberto de neve e luzinhas, que estava em apuros, porque o Pai Natal estava muito doente e os pobres duendes não sabiam o que fazer, pois sem as orientações do Pai Natal não conseguiam trabalhar. O Miguel compreendeu a situação e concordou em ajudá-los.

Quando chegou à aldeia do Natal, ficou espantado, não era nada como imaginara, estava tudo um completo caos! Os pinheiros de Natal estavam secos e estragados, as renas estavam muito e se espalharam pelo ar.


Ao entrar na casa, a primeira coisa que Miguel viu, foi o Pai Natal, deitado numa cama. Ele estava doente pelo excesso de trabalho que tinha, pois, agora, as pessoas pediam muitos mais presentes e queriam coisas muito difíceis de fazer na sua fábrica que levavam dias de trabalho. E as cartas! Eram tantas, e tantos meninos mimados a querer sempre mais.

Rapidamente, Miguel percebeu o que se estava a passar, dirigiu-se então à Mãe Natal e disse:

- Ah…Eu f-fui enviado por um anjo que me transportou até aqui, por-porque disse que precisavam da minha ajuda. P-Por isso, se houver algo que eu possa fazer…eu…

- Oh sim! Sim, sim, sim! Precisamos muito da tua ajuda! – começou a Mãe Natal –  Como podes ver, o Pai Natal encontra-se muito doente devido ao trabalho, e se for esta noite entregar os presentes, vai ficar ainda pior. Os duendes andam muito desorientados e não sabem o que fazer. Estamos muito preocupados, precisamos que digas a toda a gente do mundo o que se está a passar, porque a este ritmo, o Natal não vai durar.

Dito isto, o Miguel ficou sem palavras. Nem podia acreditar que o tinham escolhido a ele, que era tão pobre, para fazer um trabalho tão importante. De repente, o anjo reapareceu e disse:

- Bem, agora que sabes o que fazer, vamos trabalhar!

Então, aí começou o início da aventura do Miguel, que com a ajuda do anjo, de certeza que iria ser um sucesso. Começaram por reunir todos os trabalhadores e animais da aldeia do Pai Natal e distribuíram tarefas. Começaram pelas renas, alimentaram-nas e treinaram-nas. De seguida, foram até à fábrica e separaram os brinquedos e organizaram-na. Limparam e trataram dos pinheiros da aldeia e estava tudo pronto! Tudo, com exceção do trenó, que estava muito ferrugento, sujo, estragado…

Todos os habitantes da aldeia se juntaram e arranjaram o trenó. O trabalho de Miguel na aldeia tinha terminado, agora, estava na hora de partir.

Miguel saltou para o trenó com o anjo e partiu em direção aos Estados Unidos, onde estava a ser filmada um programa de Natal mundial. Com todo o mundo a ver, seria uma intervenção perfeita. Quando Miguel chegou aos estúdios, foi, pelas traseiras, pé ante pé, devagarinho. Quando começou o espetáculo, foi rapidamente para o palco onde estava tudo a ser transmitido:

- Ah… - começou, estava cheio de medo, tanta gente estava a vê-lo… - Eu venho da aldeia do Pai Natal, para vos dizer a todos, meninos e meninas de todo o mundo, que este ano não vai haver Natal. – Ficaram todos espantados, a perguntar-se porquê, como e quem é que tinha provocado esta catástrofe.- E sabem porquê? Por nossa culpa! Por querermos tanta coisa, por sermos ingratos pelo que temos. Por nossa causa, o Pai Natal ficou doente, e se nós não pararmos de querer, querer, querer, ele pode nunca voltar a distribuir presentes. Vamos todos pensar em conjunto, em uma coisa que realmente desejemos, uma coisa apenas. O Natal está nas nossas mãos!

Um ano depois, era Natal outra vez e Miguel, após ter tido aquela grande aventura, voltou ao mesmo. Limpava a casa, cuidava das irmãs… Mesmo sendo pobre, sabia que tinha feito o acertado.

Ao acordar de manhã, foi para a sala e encontrou uma linda árvore de Natal, com montes de presentes. As irmãs tinham recebido brinquedos, roupas e joias. A mãe tinha recebido livros, utensílios, e roupas. Mas Miguel não encontrou nenhum presente para ele, o que o deixou muito triste.

Já de noite, foi para a cama, ainda triste, e, a meio da noite, viu uma luz a vir debaixo da cama. Seria um monstro? Mas não, era um grande presente brilhante, com estrelinhas e laços. Ficou tão feliz! Quando o abriu, nem podia acreditar! Ouro, dinheiro, pratas e objetos muito valiosos diante dos seus olhos! Correu até ao quarto da mãe e das irmãs para mostrar o presente, e contou-lhes a história toda.

Como podem ver, o que é demais não é bom e devemos ser sempre felizes com o que temos. Podemos não ter pouco, mas as nossas boas ações serão sempre recompensadas.

Margarida Ribeiro, 7º A
CONTO DE NATAL - 2º prémio Ensino Secundário
 
Apesar de tudo, é Natal!

     Da janela, uma verdadeira tarde de final de outono. Pouco a pouco, a tonalidade das poucas folhas que teimavam em permanecer havia sido alterada e pintava, agora, a cidade de cores sombrias: castanhos, verdes murchos, vermelhos escuros, amarelos e dourados sem fulgor. Juntamente com as árvores, os edifícios da escola erguiam-se perante o emaranhado de nuvens que deixava escapar uma gélida chuva miudinha. Da janela, uma pálida luz sobrevivia, a custo, à escuridão.

    Pensamentos sombrios como a tarde bailavam na cabeça de Natália. Era tempo de dar a quem mais precisava, de espalhar uma semente de esperança que pudesse resgatar quem já havia desistido de lutar, de oferecer algo feito de amor e carinho. Natália não podia deixar de pensar na sua melhor amiga: os olhos azuis tinham-se tornado cinzentos, o habitual sorriso parecia, agora, uma flor murcha, esquecida numa jarra, toda ela parecia uma sombra que insistia em esconder-se nas sombras; passar despercebida a todo o custo. Era assim, desde que Paty (Patrícia, a filha da vice-diretora) e os colegas a elegeram a sua vítima preferida. Paty e o seu grupo circulavam altivamente por toda a escola como se tratasse de um território demarcado. Faziam parte da turma modelo, ganhavam todos os prémios, era impossível folhear o jornal interno sem deparar com as poses estudadas, eram o orgulho de toda a escola; só não eram o orgulho da nação porque para além daquele portão, daquelas vedações, eram apenas um grupinho anónimo de adolescentes irreverentes (próprio da idade), a roçar, por vezes, o desagradável. Infelizmente para Natália e Andreia, aquele também era o seu mundo. Paty, coadjuvada pelo grupo, tinha sabido tecer uma labiríntica teia de intrigas e calúnias, na qual Andreia se enredava, cada vez mais triste e humilhada. O pior de tudo, é que Natália sabia que era, em grande parte, culpada pelo que estava a acontecer. Não tinha sido ela a ousar ter melhores notas do que Paty? Não tinha sido ela quem teimara em participar em concursos, cujos vencedores já estavam pré-definidos? Aquele peso oprimia-a, esmagava-a até à exaustão!

- Atenção turma! Tenho aqui o regulamento do concurso “Conto de Natal” e sei que alguns de vós vão querer participar. – A voz da professora de Português resgatou-a, trouxe-a para a realidade.

   Como já se vinha tornando um hábito, lá teria de defrontar Paty, mais uma vez. Todos os anos, os alunos usavam a imaginação para dar corpo às mais fantásticas histórias Natal, mesmo sabendo que o máximo que poderiam alcançar era o segundo lugar. O primeiro lugar estava, implicitamente, reservado para a brilhante Paty e para as suas bonitas histórias vazias, repletas de purpurinas, tal como os adereços que enfeitam os Centros Comerciais, e uma mão cheia de lamechices. Por seu lado, Natália sabia bem o que queria: queria expor aquela situação vivida por Andreia, queria mostrar que são os verdadeiros problemas que marcam o Natal, queria escrever sobre o que realmente importa.

   Finalmente chegou o dia tão esperado: o último dia de aulas do primeiro período e, também, o dia da entrega dos prémios do concurso “Conto de Natal”. A biblioteca, toda engalanada, deixava escapar aromas natalícios que provinham duma grande mesa situada do lado esquerdo. Pouco a pouco, a sala enchia-se com um vibrante burburinho; todos estavam curiosos, alguns suspiros e muitas gargalhadas nervosas. Todavia, o crescente amontoado que ali se formava não imaginava a surpresa daquele ano.

  O diretor, após um breve discurso no espírito da época festiva, aclarou a voz para revelar as decisões do júri do concurso. Ao anunciar o derradeiro nome, ou seja, o vencedor, a biblioteca depressa se tornou numa explosão de aplausos e ovações. Todos lhe sorriam carinhosamente, como se duma heroína se tratasse. Porém, no meio da multidão de sorrisos, Natália procurava um em especial. E, foi ofuscada com os flashes e ao som das muitas palmas, que a viu. Ali estava Andreia, a razão da sua vitória. Ao receber o prémio das mãos do diretor, vislumbrou também a expressão incrédula de Paty.

  Ao ler as primeiras linhas, Natália tremia de emoção: pela primeira vez, o júri tinha-se libertado das amarras que o limitavam. Paty percebera que afinal nem sempre as influências e as pressões são o melhor caminho e, enquanto ouvia o conto, decidiu que tinha mesmo de deixar de implicar com Andreia, se não queria ver-se envolvida em algo tão pouco elegante como o “bullying”.

   A voz de Natália elevava-se, límpida e perfeita, falava de justiça, de generosidade, de amizade, de fraternidade e de igualdade de oportunidades. Ao som daquela voz, todos podiam sentir-se em harmonia e sorriam ao serem relembrados do que é realmente importante.
Daniela Silva   nº8 10ºA

CONTO DE NATAL - 1º prémio Ensino Secundário
 
Eu vi, vi tudo.

Vi e posso contar-vos, podem crer nestas humildes palavras. Que mais humildes, digo eu, não haverá. Palavra de jumento!

 

Claro que a noite estava fria e o céu negro. Negro e sem esperança. Era mais uma noite. Só mais uma noite, como tantas outras que ali vivi. O estábulo era um estábulo, o estábulo era tão rudimentar como todos os outros estábulos, nem mais, nem menos. Era um estábulo. E nós animais, eu e meia dúzia de néscios animais. Alguma vez nós poderíamos imaginar?

Já era tarde quando a porta grande e tosca rangeu. Entraram aos solavancos, desencantados e eram tão tolos como nós. Ele magro e pequeno; ela, montada num compadre meu, carregava uma barriga imensa… Vinham de rostos tapados, não nos impressionaram. Continuámos a dormitar, indiferentes. Pousaram o pouco que traziam, e destaparam-se. Os rostos, a fazer jus às personagens, eram do mais simplório. Mas todos nós, animais, ficámos então estarrecidos com tamanha tranquilidade, com evidente júbilo que aqueles rostos transpareciam.

Que era aquilo? Principiámos a inquietar-nos, a remexer-nos sem motivo…

Senti-me de repente gélido, arrebitei as orelhas; nada no mundo era mais fascinante que dois campónios intrometidos que conviviam com os animais…

Ela soltou gemidos de dor, ele pediu-lhe calma. Afagou-lhe os cabelos compridos, e pude ver que suavam ambos, naquela noite tão fria. Ele sentou-a numas palhas velhas e sujas, onde nem mesmo nós quisemos pernoitar, e ela cambaleava. Quase posso jurar que aquela barriga se agitava em regozijo, e aqueles dois, ela sentada, ele ajoelhado defronte dela, tão pobres, tão insignificantes, olharam-se num momento, e o mundo cessou por instantes.

Não sou capaz. A minha sabedoria, ou a falta dela, não me permitem pormenorizar a brutal força com que aquele olhar me atingiu. Nada mais puro, nada mais cândido. Ali vi, sem pompa nem aparato, o amor como ele veio ao mundo. Serão as minhas lágrimas secas, de velho burro, capazes de vos exprimir? Meu pobre coração, até então um baldio de amor…

Num instante, a mulher deitou-se para trás. Ele ficou aflito. Ela gemia de frio.

Pouco falavam, e ele gesticulava, nervoso. Os olhos ficaram lívidos quando a olhava, ali, tão inócua e débil. Procurou os nossos olhares por breves segundos; levantei-me, impelido por uma força e uma compreensão fogosas, e como eu, todos os outros, e aproximámo-nos da mulher. Tudo o que podíamos oferecer estava ali. O nosso calor, a nossa simplicidade, os nossos corações, onde agora o amor despontava.

Os primeiros gritos surgiram. Pediu a mão dele, e a voz sumia-se-lhe. Os cabelos colados à testa, as gotas de suor que lhe escorriam. Abria as pernas, agarrava a barriga em desespero. Os olhos projetados, fixados; as contrações invadiam o corpo. Queria esbracejar, contorcia-se em aflição. Desejava golfadas e golfadas de ar, mas tudo o que o corpo lhe proporcionava era dor.

Ele ficou mudo, e grossas gotas escorriam-lhe pela face. Quando os seus olhares se cruzavam, ele sorria desajeitadamente. Que era feito da esperança, da pureza e da beleza de há pouco? Agora tomava lugar o desespero, a repugnância, a dor e o desencanto.

Mas nenhum de nós se alarmava. Só calor. Calor. Calor para a mulher.

E o homem fechava os olhos, clamava por alguém. Queria uma resposta, queria saber o que fazer, queria pôr termo ao sofrimento da mulher.

“Oh Pai, meu Pai glorioso, de que vale todo este sofrimento? Nada pode valer isto por que fazes Maria passar, Pai!”

Mas ninguém lhe respondia. Foram longos minutos, e ela arfava. Contorcia-se, e voltava à rude posição, de coxas abertas ao mundo. Coxas para o mundo. Gritava, com cada vez menos forças. E ele acabou por nos olhar longamente, numa interrogação, e aquietou-se. Agradeceu ao “Pai”, e instantes depois transmitia essa calma súbita, quase teatral, à mulher.

Seguiu-se uma calma imensa, um silêncio profundo na noite, e os olhos da pobre mulher cerraram-se. Tranquila, com um ligeiro esboço de um sorriso nos lábios finos, parecia ir-se.

Ir-se, à mercê da noite.

O homem estava firme, tremia as mãos.

Num ímpeto desconhecido, a mulher abriu os olhos, bramiu aos céus por auxílio, berrou num desespero incontido, e fez tanta força quanta a que uma mulher e um homem podem conter juntos.

Um choro desafinado. Uma jorrada de sangue vivo. Uma réplica disforme, ensanguentada e insignificante daquele homem e daquela mulher.

Insistimos em esquentá-la, em amenizar aquele frio cortante, mas ela era já indiferente. Tomou o ser nos seus braços, limpou-o com as suas vestes, e ficou ali, de peito quente, transbordante, rosa pálido e descaído, a nu. O homem regozijou-se, e cantaram juntos.

Davam glória. Seguravam a criança, tão fraca e misteriosa, e apertavam-na contra si, mais rudes, simplórios e feios que nunca.

Alternavam o bebé, desajeitados, entre os seus braços, erguiam-no no ar. Invariavelmente, faziam agudizar o choro da criança. Mas que choro! Que choro! Oh, cada choro, cada movimento daquele ser era motivo de regozijo.

Tive então certezas de estar diante de três seres humanos dementes.

Levantei-me, com muito esforço, e quis respirar. Saí pelas traseiras, com um certo receio da noite escura e amargosa que se havia posto. Decidido a ser veloz, baixei as orelhas e andei, cabisbaixo uns metros, só abrindo os olhos para ver o percurso, tal era o meu medo.

Mas vislumbrei então um brilho. Um clarão. Uma claridade imensa.

Descerrei as pálpebras a medo. Encostei-me à madeira fria do exterior do estábulo. Quando ergui então a cabeça, todos os céus estavam estrelados, imensos, e se desfaziam em glória e esplendor. Nunca vi eu, tão servil e ignorante criatura, um espetáculo tão cheio e magnificente. Nunca perante meus olhos se estendera tamanho deslumbramento.

E o céu agradecia-me.

O céu entoava sons das maiores alegrias, o céu ria, o céu gargalhava, o céu estava em júbilo.

E uma paz imensa, uma paz vinda das profundezas do mistério, inundou-me e tomou o meu ser.

Eu era um burro, e tinha assistido. Eu sabia. Eu vivi. Eu senti.

E toda a dor vale a pena. A dor dos humildes é a grandeza. E eu, asno perdido no mundo, soube então o que é amar.

  

                                 Mariana Guisado. 11º G