sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A MALDADE NÃO SE MEDE AOS PALMOS

A propósito do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira, uma aluna sentiu-se inspirada e brotou este excelente texto. Parabéns!





Escrevo hoje com as mesmas mãos que tenho desde o dia em que nasci e com a mesma letra que aprendi na primária. A folha em que escrevo continua da mesma cor de sempre, as linhas continuam direitas e o espaço entre elas continua da mesma dimensão. Mas se tudo está igual, porque é que me sinto diferente? Será o ar que está abafado? O tempo que me está a pôr mal disposta? Será o cansaço de mais um dia ou a expetativa que este chegue ao fim? Talvez seja melhor ir deitar-me e dormir sobre o assunto, não averiguar mais e convencer-me que são coisas da minha cabeça sem nexo… Provavelmente tudo está igual, é óbvio que tudo continua igual, porque não continuaria? Este pensamento está presente em muitas cabeças e, de dia para dia, o ser humano que se julga tão esperto e dono do mundo, que se intitula senhor da razão e se diz diferente dos animais por ter consciência, parece ter-se esquecido que a tem. E os que não se esqueceram usam-na para prejudicar os outros, os mais fracos, os que resolveram ir dormir e esperar que o dia de amanhã seja melhor.

O mundo de hoje é mais sujo do que o de ontem e o que mais me preocupa é que será provavelmente mais limpo do que o de amanhã, por outras palavras, numa terra em que a verdade deu lugar à mentira, o correto ao conveniente e o certo se confundiu com o errado, vencem aqueles que sabem usar tais caraterísticas. Hoje em dia são poucas as pessoas que pensam duas vezes antes de prejudicar alguém para bem delas próprias e são raras aquelas que ajudam sem pedir nada em troca.

A moda? A moda são os políticos corruptos e o sucesso por cunhas. Parece-me a mim que o Robin dos Bosques se cansou de roubar aos ricos para dar aos pobres e inverteu os papéis, o que é degradante e lastimável. No entanto, falo dos ricos que se sentaram a receber e não dos que cansaram as pernas a trabalhar, a esses aplaudo de pé e peço conselhos, aos outros peço apenas que tenham vergonha na cara.

Resta-me então dizer aos que prejudicam quem nada pode fazer para se defender que um dia o mundo vai acordar e reagir. E aos que podem e nada fazem, digo que nunca é tarde para ajudar alguém.

Algo está realmente diferente e não é o ar. Hoje pode ser o tal dia… Liguem os despertadores.

Diana Correia, 11º H